Bactéria deixa médico três meses internado
O caso do cirurgião plástico Eduardo Passamai, 49 anos, chamou a atenção para os riscos de complicações graves na saúde que podem começar na boca. Ele ficou três meses internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) depois que uma bactéria entrou através de uma ferida causada por uma obturação quebrada. Dentista explicou que não é raro que bactérias entrem no corpo por meio de feridas na boca.
O cirurgião contou que só descobriu a infecção após sentir fortes dores de cabeça ao participar da Romaria dos Homens, procissão de 14 km na tradicional da Festa da Penha, no dia 27 de abril.
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Ele foi internado e diagnosticado com hipertensão craniana no dia seguinte. Passamai explicou que exames mostraram três abscessos cerebrais grandes, um medindo seis centímetros e outros dois menores. Os abscessos deixaram o cérebro inchado, causando um edema cerebral.
🔍 Abscesso é uma bolsa de pus, que pode ser formada por conta de bactérias que se alojam no corpo. Já o edema é um excesso de líquido no cérebro, resultando em um inchaço.
Cirurgião plástico de Vitória, Espírito Santo, teve abscessos cerebrais após bactéria entrar por ferida no dente
Reprodução/TV Gazeta
“Senti uma dor de cabeça muito forte, uma dor de cabeça que eu nunca tinha tido na vida. Achei que era uma enxaqueca. De repente, cheguei no hospital e me descobri com a possibilidade de um tumor craniano, uma hipertensão craniana que eu não sabia, e apaguei”, contou.
Ele contou que a conexão entre a ferida na boca e a entrada da bactéria aconteceu depois que os médicos que o atenderam no hospital perguntaram sobre o histórico de doenças nos últimos dias que antecederam o problema que o levou buscar atendimento.
“Eu não tinha histórico de nada, nem tive febre. Eu tinha tido esse machucado na boca, que causou tudo isso”, completou.
Pode acontecer com qualquer pessoa. Uma obturação soltou da minha boca e machucou a gengiva. A gente sabe que existe muita contaminação na boca. O nosso corpo tem várias bactérias que podem rodar o seu corpo e se alojar em qualquer lugar. No meu caso, ela terminou indo para o coração e depois subiu para o cérebro”
Cirurgião plástico Eduardo Passamai de Vitória, Espírito Santo, ficou 3 meses internado após infecção no dente
Reprodução/TV Gazeta
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Passamai passou por algumas cirurgias para retirar a secreção e iniciou um tratamento com antibiótico. Ele ficou três meses no hospital, de abril a julho.
Durante os três meses internados, o cirurgião comemorou o aniversário do filho no dia 1º de julho, e depois o próprio aniversário e o da filha, no dia 17 de julho.
Médico Eduardo Passamai ficou três meses internado após contrair bactéria através de uma ferida na boca em Vitória, no Espírito Santo
Reprodução/ TV Gazeta
Dentista alerta para riscos de infecções na boca
A dentista Mabryna Sesana Sperandio explicou que não é raro uma obturação se soltar ou quebrar com o tempo.
“Uma obturação pode quebrar e não significa que o material era ruim. Tem vários fatores envolvidos: uma força mastigatória, se a pessoa tem o hábito de comer coisa muito dura, como gelo e torresmo, além do desgaste natural do tempo. Então, não é algo normal de acontecer toda hora, mas também não é raro”, afirmou.
Segundo a especialista, uma ferida na boca pode ser uma porta de entrada para diversas bactérias no corpo. “O resto de alimento pode penetrar, a própria saliva, e isso causa infiltração no dente. Pode gerar uma nova cárie ou até uma infecção. As bactérias da própria boca ou de fora podem entrar ali”, completou.
A especialista reforçou que pessoas com imunidade baixa estão mais suscetíveis a complicações. Por isso, recomenda procurar o dentista o quanto antes em caso de obturação quebrada e manter consultas regulares a cada seis meses.
“Por isso que a gente fala que quando a gente tem uma restauração quebrada, a gente tem que procurar o dentista e sempre manter uma boa higiene bucal, com escovação, fio dental. O ideal é, se uma restauração soltou, se tem alguma coisa errada, ir mais rápido para o dentista”, alertou.
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