
Morte de influenciador em live: o que é a Kick, rede social que abrigou transmissão
Um tribunal de Paris abriu uma investigação preliminar contra a plataforma australiana Kick. A medida ocorre após a morte do influenciador francês Raphaël Graven, de 46 anos, durante uma transmissão ao vivo na semana passada, informou a agência Reuters nesta terça-feira (26).
A justiça vai apurar se a empresa ofereceu conscientemente serviços ilegais, como a transmissão de vídeos de ataques à integridade pessoal, e se cumpriu a legislação europeia sobre serviços digitais, que obriga a notificação de riscos à vida ou à segurança dos usuários.
Na semana passada, o Ministério Público de Nice, no sul da França, já havia aberto um inquérito para investigar a causa da morte de Raphaël Graven.
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Conhecido como “Jean Pormanove” e “JP”, o streamer participava de vídeos em que aparecia sendo submetido a violência e outras humilhações, principalmente por dois homens que eram seus parceiros de conteúdo, conhecidos pelos pseudônimos “Narutovie” e “Safine”.
O vídeo da morte, transmitido ao vivo na plataforma Kick, foi amplamente compartilhado na rede social.
Segundo usuários, as imagens mostram o momento imediatamente anterior à morte de Graven, ou anterior à descoberta de que ele estava morto.
No vídeo, o influenciador aparece inconsciente sob um edredom numa cama. Na sequência, é possível ver dois outros homens. Em um determinado momento, um deles atira uma pequena garrafa de plástico na direção de Graven.
Na quarta-feira (20), a Kick confirmou que baniu os criadores envolvidos na morte do influenciador.
O que é a Kick?
Influenciador Jean Pormanove, que morreu durante uma transmissão ao vivo na França
X/@JeanPormanove
A Kick é uma plataforma de lives com foco em jogos criada em dezembro de 2022.
Com mais de 50 milhões de usuários, ela ganhou espaço ao ficar com apenas 5% do valor gerado por influenciadores com assinaturas de seus seguidores. A concorrente Twitch, por outro lado, cobra 50% de taxa, mas tem mais de 105 milhões de usuários.
Alguns influenciadores migraram para a Kick por conta de suas regras de moderação flexíveis.
A plataforma já permitiu lives que violaram direitos autorais, exibiram conteúdo de sites adultos e promoveram debate com um nazista, segundo reportagem publicada em 2023 pela Bloomberg.
Na época, a plataforma disse que estava ampliando seus esforços de moderação e que não tolerava discurso de ódio.
Na última quinta-feira (14), a plataforma comemorou a estreia de MrBeast, conhecido como maior influenciador do mundo. Ele fez uma live em que arrecadou US$ 12 milhões para o seu projeto de acesso a água potável.
Sobre a morte do influenciador, a Kick afirmou à RFI que não responderia a questionamentos sobre a morte de Graven por conta de sua política de privacidade.
Mas um porta-voz disse à BBC que a plataforma estava “revisando com urgência” as circunstâncias da morte do influenciador. “Estamos profundamente tristes com a perda de Jean Pormanove e expressamos nossas condolências à sua família, amigos e comunidade”, afirmou.
O porta-voz também disse que as diretrizes de comunidade foram “projetadas para proteger os criadores” e que a empresa estava comprometida em manter esses padrões.
Quem são os donos da Kick?
Rede social Kick
Reprodução/Kick
A Kick foi criada pelos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, também donos do cassino online Stake.
Cada um deles tem fortuna avaliada em US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 15,4 bilhões), segundo a Forbes.
O patrimônio deles veio principalmente de jogos de cassino virtuais em que usuários apostam criptomoedas.
A Kick e a Stake ganharam notoriedade em 2024 ao patrocinarem a Sauber, equipe de Fórmula 1 que hoje tem o brasileiro Gabriel Bortoleto como um de seus pilotos e que adotou as cores verde e preto das duas marcas em seus carros.
Segundo a Forbes Australia, Craven e Tehrani entraram no ramo em 2013, quando o bitcoin valia cerca de US$ 100 (cerca de R$ 550), e aproveitaram a valorização da criptomoeda. A Stake, por exemplo, foi fundada em 2017, quando o bitcoin era vendido por mais de US$ 10 mil (R$ 55 mil).
A Kick trouxe prejuízo de US$ 100 milhões para os empresários desde a sua criação, estima a Forbes. Isso não é uma exclusividade da plataforma: a Twitch existe desde 2011 e nunca conseguiu registrar lucro.
Ainda de acordo com a revista, as regras de moderação fracas da Kick dificultaram seus esforços em atrair anunciantes para o serviço.
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