Atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA dá oportunidade para esquerda brasileira disputar a palavra ‘pátria’


Se após a 2ª Guerra Mundial uma fala de Luís Carlos Prestes imprimiu na opinião pública a ideia de que comunistas eram traidores da pátria, o filho 03 de Jair Bolsonaro deixa a dúvida sobre quem está sob as ordens de uma potência estrangeira. Atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA dá oportunidade à esquerda disputar o termo ‘pátria’
Diretamente dos Estados Unidos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) dá o pretexto ideal para a esquerda brasileira, finalmente, disputar a palavra “pátria” com a direita nacional. Uma briga que tem quase 80 anos.
É preciso voltar no tempo para entender como a pátria se fez bandeira dos conservadores. O integralismo, que foi o movimento fascista brasileiro, capturou a palavra e usou em seu slogan: “Deus, pátria e família”.
Após a 2ª Guerra Mundial, o deputado Luís Carlos Prestes, do Partido Comunista, foi questionado numa entrevista sobre quem ele apoiaria caso o Brasil entrasse em guerra contra a União Soviética.
Ele respondeu que lutaria contra um governo brasileiro capturado pelo imperialismo americano. Ou seja: ficou entendido que os comunistas lutariam pela União Soviética e não pelo Brasil.
Daí por diante, as expressões “trair a pátria”, “nossa bandeira nunca será vermelha” e similares viraram uma associação à esquerda – por terem orientação e linha de raciocínio internacionalista traçadas por Moscou. Antes disso, o episódio da Intentona Comunista, quando militares comunistas mataram companheiros de farda, reforçou a ideia de traição à pátria associada aos “vermelhos”.
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A esquerda brasileira nunca teve muita disposição para disputar o valor pátria com a direita. O bolsonarismo não só adotou o lema do fascismo brasileiro “Deus, Pátria e Família” como capturou a camisa amarela da seleção para si.
A atuação de Eduardo Bolsonaro a instigar o governo dos Estados Unidos contra ministros do STF no Brasil coloca a esquerda em posição para disputar patriotismo.
Quem, afinal, está sob as ordens de uma potência estrangeira contra o seu próprio país? Ou relembrando o fator Prestes: “Se houvesse uma guerra entre o EUA, do governo Donald Trump, e o Brasil, do governo Lula, de que lado os Bolsonaros ficariam?”
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Wilton Junior/Estadão Conteúdo
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