O que esperar após Trump anunciar nova tarifa sobre produtos brasileiros: ‘O Brasil não tem sido bom para nós’


Tensão entre EUA e Brasil cresceu nos últimos dias, após presidente americano anunciar apoio a Bolsonaro e criticar a Justiça brasileira. Agora, Trump promete nova tarifa aos produtos vindos do Brasil. No caso brasileiro, foi anunciada uma taxa extra de 10% para os produtos vendidos aos EUA, que entrou em vigor em 2 de abril.
EPA/Shutterstock
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) que uma nova tarifa será imposta sobre as importações americanas vindas do Brasil ainda nesta quarta ou na quinta-feira (10).
A afirmação foi feita quando Trump disse que anunciará novas tarifas para diferentes países, citando o Brasil diretamente.
“O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom. Vamos divulgar um número do Brasil, acho que ainda esta tarde ou amanhã de manhã”, afirmou, durante evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca.
Em abril, a Trump anunciou um tarifaço, elevando a tributação sobre importações vindas diversos países, mas depois adiou a entrada em vigor de muitas delas.
No caso brasileiro, foi anunciada uma taxa extra de 10% para os produtos vendidos aos EUA, que entrou em vigor em 2 de abril.
A taxa foi considerada positiva para o país, já que, dentre as alíquotas extras aplicadas, esse foi o patamar mais baixo. Ainda assim, o governo brasileiro tinha esperança de reverter esse aumento por meio de negociações.
Nesta semana, o governo Trump começou a enviar cartas para países avisando da retomada da alta das tarifas, nos casos em que não seja alcançado um acordo comercial com os EUA. O Brasil ainda não recebeu essa comunicação.
Brasil convoca diplomata americano a dar explicações sobre críticas a processo contra Bolsonaro
A fala de Trump sobre nova tarifa contra o Brasil veio dois dias depois de ele manifestar publicamente apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticando o processo criminal que ele enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF).
A situação escalou com novas declarações oficiais do governo americano, o que levou o Ministério das Relações Exteriores a convocar nesta quarta-feira o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos.
A medida foi uma reação às manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da Embaixada americana em Brasília a respeito do julgamento de Bolsonaro, réu em um processo por suspeita de tentativa de golpe de Estado.
A convocação de um representante diplomático é uma das medidas mais sérias no universo das relações internacionais.
O ato equivale a um país mostrar o desagrado de um país com medidas adotadas por outra nação com quem ele mantenha relações. A convocação, em alguns episódios, pode anteceder um eventual rompimento das relações diplomáticas entre dois países.
Na terça-feira (8), uma nota do Departamento de Estado divulgada pelo portal UOL afirmou que “a perseguição política a Jair Bolsonaro, seus familiares e apoiadores é uma vergonha muito aquém da dignidade das tradições democráticas do Brasil”.
Nesta quarta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos divulgou uma nota com teor semelhante afirmando que o órgão reforça as declarações do presidente Donald Trump.
Na segunda-feira, Trump usou suas redes sociais para se manifestar a favor do ex-presidente.
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fazem outra coisa senão irem atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele Não é culpado de nada a não ser por ter lutado pelo povo”, disse Trump em seu perfil na rede social Truth Social.
Em outro trecho, Trump classificou a situação de Bolsonaro como uma “caça às bruxas”.
“O grande povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente. Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição”, continuou.
No mesmo dia, Lula rebateu as declarações de Trump em duas oportunidades. Na primeira, por meio das redes sociais, ele disse que o Brasil não aceitaria interferências.
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”.
Em outro momento, no final da Cúpula do Brics, no Rio, Lula disse que Trump não deveria dar “palpite” sobre o Brasil.
“Eu não vou comentar essa coisa do Trump e do Bolsonaro. Tenho coisa mais importante para comentar do que isso. Este país tem lei. Este país tem regras e este país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa”, disse o presidente.
Esta é a segunda vez que o encarregado de negócios dos Estados Unidos é convocado pela diplomacia brasileira a prestar esclarecimentos. A primeira aconteceu em janeiro deste ano, quando Escobar foi convocado a explicar o tratamento dado pelos Estados Unidos a imigrantes brasileiros que estavam sendo deportados.
Brasil e China firmam parceria que prevê ferrovia ligando Atlântico e Pacífico
Brasil e China firmam parceria que prevê ferrovia ligando Atlântico e Pacífico
Adicionar aos favoritos o Link permanente.