Bolsonaro diz que não se alegra com tarifa de Trump, mas que com anistia haverá ‘paz para a economia’


Ex-presidente foi citado por Trump na carta em que ele anunciou as taxas de 50% a produtos brasileiros. Aliados de Bolsonaro tentam emplacar votação do PL na Anistia como forma de barrar tarifas. O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à PF nesta quinta (5)
Adriano Machado/Reuters
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste domingo (13), que a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 é o caminho para barrar o aumento das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
Nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a decisão de Trump “tem muito mais, ou quase tudo a ver com valores e liberdade, do que com economia”, e que não “se alegra” em ver as sanções econômicas impostas pelo norte-americano.
“O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia”, escreveu nas redes sociais.
Na última semana, Trump enviou uma carta ao governo brasileiro anunciando uma taxação de 50% sobre os produtos brasileiros importados em território norte-americano, a partir de 1º de agosto.
O republicano anunciou as medidas em uma carta, na qual citou os processos aos quais o ex-presidente Bolsonaro responde na Justiça, além de outras decisões judiciais do Brasil contra big techs americanas.
A questão gerou uma reação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defendeu a soberania nacional. O próprio presidente afirmou que o país não aceitará ser “tutelado” por ninguém, e que pretende reagir caso as taxas sejam, de fato, aplicadas.
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PL da Anistia
Os processos de Bolsonaro foram parte dos argumentos usados por Trump para impor a retaliação ao Brasil. Aliados do ex-presidente têm defendido uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para Bolsonaro e para todos os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa.
Indiciado pela Polícia Federal e denunciado pela Procuradoria Geral da República por suspeita de envolvimento em uma trama golpista, Bolsonaro nega as acusações.
Em entrevista à Globonews, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse entender que, se o Congresso Nacional pautar o projeto da anistia, Donald Trump poderia rever o tarifaço.
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A movimentação de aliados do ex-presidente faz parte de um esforço na tentativa de pautar o projeto de lei antes do recesso legislativo.
O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, protocolou em abril um requerimento de urgência para levar ao plenário o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.
O projeto, no entanto, não foi pautado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Resistência no Congresso
Aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), relataram à Globonews que fizeram chegar a ele o entendimento de que não cabe pautar o projeto conhecido como “PL da Anistia” como uma forma de evitar o tarifaço.
O entendimento dos líderes, conforme esses relatos, é de que a imposição das tarifas é um tema que diz respeito à soberania do Brasil e que, diante disso, “morreu” a ideia de colocar em votação a anistia neste momento.
Questionados sobre o projeto da anistia, aliados de Hugo Motta dizem que a nota conjunta divulgada por ele e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), delimitou o entendimento da cúpula do Congresso de que as negociações com os EUA cabem ao campo diplomático e ao campo econômico.
Com isso, agentes político-partidários ficariam excluídos de eventuais negociações paralelas, colocando à mesa — por exemplo — a hipótese da anistia.
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