
SAMU Indígena começa neste sábado; chamados nas aldeias aumentaram 60% em dois anos
As aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados (MS), passaram a contar desde o último sábado (9), com o primeiro Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) exclusivamente indígena. O projeto-piloto conta com profissionais bilíngues, que falam português e guarani, e deve atender cerca de 25 mil indígenas.
A base, instalada na área do Hospital de Missão Evangélica Kaiowá, dentro da aldeia Jaguapiru, vai funcionar 24 horas e é uma esperança para a população local, que atualmente depende do serviço localizado na área urbana, a 7 Km de distância, em Dourados.
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“Vai ser muito importante para a nossa comunidade. Sempre a gente pede socorro que é centralizado em Dourados, mas dependendo da demanda da cidade, em geral, sempre fica mais demorado para a nossa aldeia”, explica Reinaldo Arévalo, cacique da aldeia Bororó.
As duas aldeias formam juntas a Reserva Indígena de Dourados, que totalizam mais de 20 mil indígenas das etnias Guarani Ñandeva, Guarani Kaiowá e Terena, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para que os atendimentos do novo serviço possam ser mais efetivos, as aldeias precisam receber investimentos para o acesso da ambulância, conforme destaca o cacique da aldeia Bororó.
“É difícil o acesso, tem acesso que é bom, mas tem acesso que não vai dar para chegar aonde a gente quer. Então, a gente pede que as autoridades deem uma olhada por isso daí, para fazer o correto, melhorar mais”, finaliza Reinaldo Arévalo.
Atendimentos e expansão nacional
Desde o início do funcionamento, no último sábado, o Samu indígena atendeu seis ocorrências, segundo informou ao g1 o médico Otávio Miguel Liston, coordenador regional do Samu em Dourados.
O serviço disponibiliza 14 profissionais, dos quais 5 são técnicos de enfermagem, 5 enfermeiros e 4 condutores-socorristas. Metade deles é indígena e fala guarani.
Os pacientes são levados para hospitais de referência, como o Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD), que também possui equipe bilíngue.
De acordo com o Ministério da Saúde, o serviço busca melhorar a comunicação entre profissionais e pacientes e respeitar a cultura local. Todos os espaços da base receberam nomes em guarani.
A intenção do Ministério da Saúde é levar o modelo para outras regiões. No Brasil, existem 34 territórios indígenas com distritos sanitários especiais que podem receber o serviço nos próximos anos, segundo o diretor-presidente da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), André Longo Araújo de Melo.
O projeto-piloto atenderá 25 mil indígenas em Dourados (MS).
Divulgação Ministério da Saúde
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