Secretário de Segurança Pública se pronuncia sobre esquema de desvio de armas envolvendo policiais da Bahia


Secretário de Segurança Pública se pronuncia sobre esquema de desvio de armas envolvendo policiais da Bahia
SSP-BA
O secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Marcelo Werner, se pronunciou, nesta terça-feira (12), sobre a investigação que apura um suposto esquema de desvio de armas envolvendo policiais da Bahia. Em vídeo, divulgado nesta terça-feira (12), ele afirmou que operações policiais estão sendo realizadas para investigar agentes suspeitos de cometer delitos.
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“A gente reafirma que a Secretaria de Segurança Pública não tolera qualquer tipo de desvio de conduta ou cometimento de crime por parte de qualquer profissional que a compõe. […] Nós estamos fortalecendo as corregedorias setoriais e gerais, e realizando diversas operações policiais àqueles [agentes] que, eventualmente, são suspeitos de cometimento de delitos”, enfatizou o secretário.
Ainda durante o pronunciamento, Werner enfatizou que o processo corre em segredo de Justiça e que a SSP-BA investiga qualquer denúncia de delito por parte dos agentes de segurança.
“Toda e qualquer denúncia de fato desabonador ou criminoso é devidamente apurado, seja no bojo do processo administrativo disciplinar, correcional, seja em investigações abertas”, pontuou.
O que a investigação aponta
A ação foi inicialmente apresentada como uma das maiores apreensões de armas até aquela altura de 2024. No dia 11 de julho, uma submetralhadora, seis fuzis e mais mil munições foram encontradas em um matagal de Lauro de Freitas, cidade da Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Investigação detalha atuação de policiais civis e militares da BA em suposto esquema
Foto: Divulgação/Depom
Porém, a denúncia apresentada pelo MP e corregedoria da PC, aponta que, na verdade, havia ao menos 20 armas do tipo no local encontrado na noite de 11 de julho de 2024, assim como pistolas. As investigações apontaram que os policiais que participaram da ação retiveram parte das armas encontradas no esconderijo, que pertencia a um integrante de uma facção criminosa.
Foram formalmente denunciados:
Roque de Jesus Dórea, capitão do Departamento Pessoal da Polícia Militar;
Jorge Adisson Santos da Cruz, ex-policial militar, demitido por envolvimento em crime de extorsão, mediante sequestro seguido de morte, em 2015;
Ernesto Nilton Nery Souza, soldado da Polícia Militar, lotado no bairro da Liberdade.
Outros policiais foram citados na denúncia e participaram das investigações enquanto testemunhas. Todos foram ouvidos por participarem da ação coordenada pelos denunciados. São eles:
Tibério do Vale Alencar, cabo da Polícia Militar (PM)
Nilton Tormes, então coordenador do Depom
Douglas Piton, então coordenador do Core
O que aconteceu na noite da ação policial
Conforme a denúncia, o investigado Roque de Jesus Dórea, conhecido como Capitão Dórea, entrou em contato com o cabo da Polícia Militar (PM) Tibério do Vale Alencar para informar que tinha detalhes sobre um esconderijo de drogas e armas em Lauro de Freitas.
O capitão da PM conseguiu a informação alguns dias antes, durante uma operação da organização que levou à morte de Manoel Ferreira Santos, conhecido como “Nei”, apontado como integrante de uma facção criminosa e dono do esconderijo.
A investigação aponta que Tibério entrou em contato com Nilton Tormes, delegado exonerado da Polícia Civil, que sinalizou o interesse da organização em apreender os itens ilícitos. A partir disso, formou-se um grupo composto por policiais militares e civis, que participaram da ação investigada.
Em depoimento à 2ª Vara do Tribunal do Júri, Nilton Tormes afirmou que a alta cúpula da Polícia Civil sabia sobre a ação do dia 11 de julho e autorizou a participação da Coordenação de Recursos Especiais (Core). No mesmo dia, o grupo de policiais marcou um encontro na Estrada CIA-Aeroporto, em Salvador, para discutir a ação.
Estiveram no ponto de encontro, o delegado Tormes, o cabo da PM Tibério e uma equipe da Core, na época chefiada por Douglas Piton. O capitão Dórea chegou ao local, por volta das 22h, na companhia do soldado Nilton Nery e do ex-PM Jorge Adisson, bem como outros dois homens:
Joseval Santos Souza, conhecido como “maquinista” e que respondia por tráfico de drogas;
e Jeferson Sacramento Santos, enteado de Joseval.
Os dois homens trabalhavam em uma obra na cidade de Lauro de Freitas. Jeferson chegou ao ponto de encontro em um carro branco, do qual era dono, enquanto os policiais utilizavam um veículo vermelho.
Na denúncia, os investigados ouvidos detalharam, inicialmente, que Joseval chegou ao local algemado e sem camisa. Ele seria informante do Capitão Dórea e foi o responsável por guiar os policiais até o local do esconderijo. Jeferson teria ficado dentro do carro durante toda a ação.
O grupo atravessou a área de mata, em meio a chuva e sem uso de lanternas para evitar chamar atenção. Todos os investigados relataram que as armas foram encontradas em um tonel enterrado no chão e o material (que também incluía munições e drogas) foi colocado dentro do porta-malas de uma viatura da Core. Nenhum dos investigados soube dizer quantas armas foram apreendidas.
O que dizem os envolvidos
➡️ Em nota, a defesa do soldado Ernesto Nery disse que se só irá se manifestar nos autos do processo
➡️ Já a defesa do ex-policial militar Jorge Adisson afirmou que não irá prestar esclarecimentos sobre o caso.
➡️ À TV Bahia, o cabo Tibério Alencar negou as acusações feitas pelo delegado Adailton Adam. Além disso, a defesa do militar pontuou que cumpriu dever constitucional durante a operação investigada e colaborou com as investigações, provando que não tem nenhuma participação em práticas ilegais. A defesa aponta ainda que o caso foi arquivado.(Confira nota na íntegra no final da matéria)
➡️ O ex-coordenador da Core, Douglas Pithon, afirmou que os policiais da unidade foram ouvidos nas condições de testemunhas e entregaram os celulares pessoais voluntariamente. Além disso, pontuou que a Core tem uma atuação específica em ações consideradas de alto risco e que não realiza perícia ou age em investigação criminal.
➡️ Sobre a perícia das armas ainda no esconderijo, o delegado Nilton Tormes afirmou que o procedimento não é feito no local da apreensão.
Além disso, o delegado exonerado afirmou que desconhece qualquer denúncia de desvios de pistolas feita por policiais da Core. Nilton afirmou que a conversa com Cabo Tibério e o delegado Adailton Adam, quando se discutiu sobre a soltura dos policiais presos, não aconteceu. Por fim, ele afirmou que desconhece a participação de um informante para a localização do esconderijo de armas.
➡️ O delegado Artur Gallas afirmou que a apuração das suspeitas estão sendo feitas pela Corregedoria da Polícia Civil, por isso não tem conhecimento sobre o caso.
➡️ Em nota, o delegado Adailton Adam afirmou já ter prestado esclarecimentos à Justiça e a Corregedoria da Polícia Civil, e que não fez nenhuma denúncia de desvio de armas. Ele ressaltou que o foi dito em depoimento está em apuração pela polícia.
Confira nota do cabo da Polícia Militar Tibério Alencar:
“Nota Oficial à Imprensa
Esclarecimentos sobre a Situação do Policial Tibério
Inicialmente, causa-nos estranheza a tentativa de vinculação de Tibério a fatos dos quais não tem nenhuma participação. Ele é um policial exemplar, que ao longo de décadas nunca respondeu, nem responde, a processo criminal ou administrativo. O fato relacionado à operação que apreendeu armamento foi legítimo, onde cumpriu seu mister constitucional na condição de agente de segurança pública. Na fase de investigação, meu cliente colaborou e foi ouvido, provando não ter nenhuma participação na prática de nenhum tipo penal. Os fatos narrados pela imprensa estão fora do contexto, misturando procedimentos sem nenhuma conexão, causando dano irreparável à honra e à imagem de Tibério.
Dinoermeson Tiago Nascimento”
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