Israel ataca arredores da Cidade de Gaza e promete continuar com ofensiva; ‘nenhum lugar é seguro’, diz palestino


Autoridade global em desnutrição confirma fome em Gaza pela 1ª vez
Aviões e tanques israelenses atacaram os arredores leste e norte da Cidade de Gaza durante a noite de sábado para este domingo (24), destruindo prédios e casas, disseram moradores, enquanto líderes israelenses prometiam continuar com uma ofensiva planejada na cidade.
Testemunhas relataram o som de explosões ininterruptas durante a noite nas áreas de Zeitoun e Shejaia, enquanto tanques bombardeavam casas e estradas no bairro vizinho de Sabra. Prédios foram explodidos na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.
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Militares israelenses disseram neste domingo que suas forças retornaram ao combate na área de Jabalia nos últimos dias, para desmantelar túneis usados por grupos terroristas e fortalecer o controle da área.
Um porta-voz militar disse que a operação ali “permite a expansão do combate para áreas adicionais e impede que terroristas do Hamas retornem para operar nessas áreas”.
Menina revira lixo no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, em meio a ofensiva de Israel nos arredores da cidade em 24 de agosto de 2025
Omar al-Qattaa/AFP
Israel aprovou um plano este mês para tomar o controle da Cidade de Gaza, descrevendo-a como o último bastião do Hamas. A previsão é de que o plano só seja colocado em marcha dentro de algumas semanas, abrindo espaço para que os mediadores Egito e Catar tentem retomar as negociações de cessar-fogo.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, prometeu neste domingo prosseguir com a ofensiva na cidade, que sofre com a fome, o que gerou alarme no exterior e objeções no país. Katz afirmou que a Cidade de Gaza será arrasada a menos que o Hamas concorde em encerrar a guerra nos termos de Israel e libertar todos os reféns.
O Hamas afirmou em um comunicado neste domingo que o plano de Israel de tomar a Cidade de Gaza mostrava que o grupo não levava a sério o cessar-fogo.
Segundo o Hamas, assinar um acordo de cessar-fogo é “a única maneira de devolver os reféns”, responsabilizando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pelas vidas dos israelenses mantidos em Gaza.
A proposta em discussão prevê um cessar-fogo de 60 dias e a libertação de 10 reféns vivos mantidos em Gaza e de 18 corpos. Em troca, Israel libertaria cerca de 200 prisioneiros palestinos presos há muito tempo, mantidos em seu poder.
Assim que o cessar-fogo temporário começar, a proposta é que Hamas e Israel iniciem negociações para um cessar-fogo permanente que incluiria o retorno dos reféns restantes.
Na quinta-feira, Netanyahu disse que Israel retomaria imediatamente as negociações para a libertação de todos os 50 reféns — dos quais Israel acredita que cerca de 20 ainda estejam vivos — e o fim da guerra de quase dois anos, mas em termos aceitáveis para Israel.
‘Com fome e medo’
Cerca de metade dos dois milhões de habitantes do enclave vive atualmente na Cidade de Gaza. Alguns milhares já partiram, carregando seus pertences em veículos e riquixás.
“Parei de contar as vezes em que precisei levar minha esposa e minhas três filhas para deixar minha casa na Cidade de Gaza”, disse Mohammad, de 40 anos, por meio de um aplicativo de bate-papo. “Nenhum lugar é seguro, mas não posso correr o risco. Se eles começarem a invasão de repente, usarão fogo pesado.”
Outros disseram que não sairão, não importa o que aconteça.
“Não vamos embora, deixem que nos bombardeiem em casa”, disse Aya, de 31 anos, mãe de oito, acrescentando que eles não teriam dinheiro para comprar uma barraca ou pagar o transporte, mesmo que tentassem sair. “Estamos com fome e medo e não temos dinheiro.”
Um grupo de monitoramento global da fome afirmou na sexta-feira que a Cidade de Gaza e áreas vizinhas estão oficialmente sofrendo com uma fome que provavelmente se espalhará. Israel rejeitou a avaliação e afirma que ela ignora as medidas que vem tomando desde o final de julho para aumentar a ajuda humanitária.
Agência da ONU pede entrada de ajuda humanitária em larga escala na Faixa de Gaza
Neste domingo, o Ministério da Saúde de Gaza informou que mais oito pessoas morreram de desnutrição e fome no enclave, elevando o número de mortes por essas causas para 289, incluindo 115 crianças, desde o início da guerra. Israel contesta os números de fatalidades divulgados pelo Ministério da Saúde na faixa controlada pelo Hamas.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas armados liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo 251 reféns.
A ofensiva militar de Israel contra o Hamas já matou pelo menos 62.000 palestinos, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, deixou grande parte do território em ruínas e deslocou internamente quase toda a população.
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