Filhos de empresário morto no Centro do Rio relatam dor e lembram legado de generosidade: ‘Ajudava as pessoas sem conhecer’


Álvaro Borges Ribeiro trabalhava quando foi morto a facadas dentro do prédio na Rua da Quitanda
Reprodução: Redes sociais
Há uma semana, o empresário Álvaro Borges Ribeiro, de 70 anos, foi assassinado a facadas no Centro do Rio, dentro do edifício Palácio do Café, na Rua da Quitanda, onde funcionava o seu escritório.
O suspeito, Carlos André de Silva e Souza, de 48, vivia em situação de rua e, segundo a polícia, já havia recebido ajuda da vítima em outras ocasiões. Testemunhas relataram que, no dia do crime, ele teria se irritado após Álvaro recusar a oferecer uma quentinha.
Conhecido pela generosidade, Álvaro era descrito por familiares e amigos como alguém que “pensava primeiro no ser humano” e que ajudava diretamente pessoas em situação de vulnerabilidade, oferecendo comida, dinheiro e remédios.
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Álvaro e os filhos Breno, Juliana e Fabiana
Reprodução: Redes sociais
O filho, Breno Siqueira Ribeiro, de 45 anos, contou que tenta se apoiar nas memórias para lidar com a perda.
“Minhas irmãs ainda estão muito abaladas, as duas. Mas eu tento me confortar no que meu pai foi, no que ele desejaria após a passagem dele. Tento pegar pontos positivos do que ele é e me confortar com isso.”
Breno também falou sobre a ingenuidade do pai, que para ele foi “uma das melhores qualidades e também o que o colocou em risco”. “Ele fazia a coisa certa da maneira errada. Porque fazia da forma mais pura que achava, por ser muito ingênuo, ajudava direto as pessoas sem conhecer seu histórico.”
O crime aconteceu às vésperas do Dia dos Pais, o que tornou o momento ainda mais doloroso para a família.
“Meu pai falava sempre assim: a vida continua, mesmo após a morte. Ele não falava nem morte, ele falava passagem. Eu tento me agarrar à fé dele nesse momento, imaginando que ele esteja agora num lugar melhor, procurando por nós. Estou em paz com ele.”
Além de Breno, a filha Juliana Siqueira Ribeiro, de 49 anos, professora que mora no interior do Rio, também relembrou momentos com o pai. Ela contou que havia visitado a capital na semana anterior e voltado para casa no sábado, mas precisou retornar às pressas ao saber da notícia na segunda-feira (4).
“Meu pai era muito brincalhão. Ele ria muito. Ele tinha um espírito crianção, sabe? Em tudo ele brincava, tudo ele levava na brincadeira.”
Juliana destacou ainda histórias marcantes, como a vez em que Álvaro salvou uma pessoa que se afogava na Praia de Ipanema.
“Ele não era nenhum herói de capa, nem máscara, mas ele era o meu pai. Uma pessoa fora da curva.”
A generosidade era parte da rotina do empresário, que atuava no ramo de exportação de café e era sócio da Esperança Serviços Aduaneiros, fundada em 1996. Ele ajudava instituições como o Lar Maria Dolores e foi diretor do centro espírita Francisco de Paula.
O crime chocou funcionários e moradores da região, que lembram do empresário como alguém sempre disposto a ajudar. “Ele só queria fazer o bem para as pessoas”, disse Breno.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
Álvaro e sua esposa Solange
Reprodução: Redes sociais
Suspeito preso vendendo cartões do Jáe
No primeiro momento, Carlos André foi detido na quarta (6), na Praça Mauá, comercializando cartões do Jaé. Levado à  4ª DP (Presidente Vargas), os investigadores descobriram que ele era investigado pela morte do empresário. Em seguida, ele foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). 
A Justiça do RJ expediu um mandado de prisão temporária. Na sexta (8), o homem passou por audiência de custódia e juíza Priscilla Macuco Ferreira, da Central de Audiência de Custódia, manteve a prisão de Carlos André. 
De acordo com a magistrada, Carlos André aparenta possuir transtornos mentais e não faz uso de medicamentos diários. Ele tem histórico de prisão e processo anterior, mas não apresenta dependência química ou doenças graves.
A juíza decidiu pela manutenção da prisão, destacando que o mandado está dentro do prazo de validade e que não há indícios de ilegalidade no ato.
Empresário é esfaqueado e morto dentro de prédio no Centro do Rio
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