VÍDEO: imagens feitas de dentro de avião registram desespero de paraquedistas e queda da aeronave que resultou em duas mortes


Imagens exclusivas do interior do avião em acidente aéreo que matou 2 em Boituva
Imagens feitas do interior do avião de paraquedistas que caiu em maio de 2022, na área rural de Boituva (SP), revelam momentos de tensão e desespero. O acidente provocou a morte de duas pessoas, além de ferimentos em outras nove – sendo cinco delas com lesões graves. Assista ao vídeo acima.
As imagens, obtidas com exclusividade pela TV TEM, foram gravadas pelas câmeras dos capacetes dos paraquedistas.
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Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) analisaram as gravações para montar o relatório sobre as prováveis causas do acidente. Eles também estiveram no local do acidente e analisaram a aeronave.
Para elaborar o relatório, técnicos do Cenipa utilizaram também imagens das câmeras dos capacetes dos paraquedistas, durante o acidente, que vitimou duas pessoas, em 11 de maio de 2022, em Boituva (SP)
TV TEM/Reprodução
No relatório, finalizado nesta semana, e ao qual a reportagem da TV TEM teve acesso, o Cenipa relaciona a pane do motor do avião ao uso incorreto da alavanca que controla o combustível e a potência da aeronave, chamada de EPL.
No documento, o órgão aponta ainda que a falta de manutenção nos cintos de segurança contribuiu para as lesões nos passageiros. Um deles chegou a ser arremessado para fora após o avião fazer um pouso forçado e capotar no pasto.
Paraquedistas no interior do avião que teve pane no motor e realizou pouso de emergência em pasto de Boituva (SP), em 2022, batendo e capotando: duas pessoas morreram no acidente
TV TEM/Reprodução
Posição de emergência
No vídeo do interior do avião, é possível observar quando o piloto Lucas Marques anuncia para os paraquedistas assumirem posição de emergência, durante o voo. Além dele, o Cessna 208 Caravan transportava 15 pessoas. Eles estavam a 350 metros de altitude.
A aeronave tinha decolado do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), em Boituva (SP), na manhã de 11 de maio daquele ano. Durante o voo, o motor apresentou problemas, perdendo potência e altitude.
A câmera de um paraquedista chegou a flagrar o momento em que chamas saem pelo escapamento do motor.
No destaque, chamas saem do motor do avião, em imagem registrada por câmera de paraquedista, em acidente aéreo que matou duas pessoas, em Boituva (SP), em 2022
TV TEM/Reprodução
Como não havia possibilidade de retornar ao aeródromo, o piloto decidiu realizar um pouso de emergência na área de pasto. O vídeo registra o momento em que ele avisa para os paraquedistas se prepararem para o impacto.
Ao tocar o solo, alguns dos passageiros chegaram a demonstrar alívio. “Deu bom, deu bom”, comemora um deles.
Com base nas imagens e na dinâmica do acidente, os peritos do Cenipa estimaram que o Cessa tocou o solo a uma velocidade de 102 km/h.
Eles calcularam que a aeronave percorreu 200 metros em 7 segundos, atravessando o pasto e batendo contra uma cerca de arame e um barranco, à margem de uma estrada de terra.
Avião com paraqueditas capotou ao fazer pouso de emergência após pane no motor, em Boituva (SP), em 11 de maio de 2022: duas pessoas morreram na ocasião
Polícia Militar/Divulgação
Foi neste momento em que o avião capotou, terminando com o trem de pouso para cima. Nas imagens do interior da cabine, os paraquedistas aparecem de cabeça para baixo, gemendo e gritando por socorro.
Mais impressionante é a sequência que mostra uma paraquedista sendo arremessada para fora do avião quando ele bateu no barranco. A imagem dá várias voltas até ela terminar caída no pasto.
Vítimas
Na queda da aeronave, dois paraquedistas morreram: André Luiz Warwar, 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, 38.
Outras cinco pessoas ficaram com lesões graves, entre elas o piloto Lucas Marques. Quatro tiveram ferimentos leves. E cinco não se machucaram.
André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38, morreram na queda de avião com paraquedistas, em 11 de maio de 2022, em Boituva (SP)
Fotos: Arquivo pessoal
Com base no relatório do Cenipa, o perito Robeto Peterka, especialista em segurança área, afirmou à TV TEM que a pane no motor pode ter sido causada pelo uso deficiente do dispositivo que controla a quantidade de combustível no motor, resultando numa potência excessiva.
O Cenipa verificou que o dispositivo EPL ainda era utilizado frequentemente em treinamentos pela empresa proprietária da aerovane, em desacordo com a orientação do fabricante, que prevê a utilização apenas em situaçoes de emergência.
Ainda no relatório, o Cenipa apontou que os suportes dos cintos de segurança estavam corroídos, o que contribuiu para se soltassem durante o impacto do avião no barranco.
Anexado ao inquérito
O relatório do Cenipa não tem caráter criminal. Ele levanta as causas e as hipóteses do acidente para prevenção na área de aviação.
“O que o relatório considera é que houve uma deficiente operação do avião”, destaca o perito Roberto Peterka.
A Polícia Civil informou que ouviu testemunhas e analisou os laudos periciais. Agora, o laudo do Cenipa será anexado ao inquérito e enviado ao Ministério Público.
A empresa Sky Dive For Fun, que era dona do avião, informou que o inquérito está sob segredo de Justiça em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e que, por isso, não pode comentar o caso.
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